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Tour Virtual / Bernevaldo Martins Neves, agricultor
Bernevaldo Martins Neves, agricultor
áudio
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Meu nome é Bernevaldo Martins Neves, tenho 51 anos e sou pai de sete filhos. A mais velha tem 28 anos e a mais nova tem 11. Tenho sete netos, moro na comunidade Sítio Fortaleza, na margem esquerda do Rio Solimões. Para chegar até aqui de Manaus, são 3 dias e 2 noites. Aí você chega da cidade de Uarini e, para vir à comunidade, você pega uma canoa ou uma lancha. Pode vir de barco também, tem acesso para chegar aqui, mas de rabeta gasta uma hora. De lancha pode ser 40 minutos.
Eu moro nessa localidade há 51 anos, minha comunidade tem 102 pessoas. Ela é uma vila, são 17 casas, todas de madeira. A altura, tem dois metros e meio de assoalho, mas assim mesmo, a cheia às vezes cobre o assoalho. A gente dorme na rede, a energia vai até 10 horas da noite, isso que a gente ainda utiliza um motor de luz.
A minha comunidade vive mais de pesca, planta e um pouco de criação. A melancia, o milho, a gente planta jerimum, maxixe, banana, mandioca. A gente já tem a renda da pescaria, a gente faz o manejo, aí junto com a comunidade, a gente tira o peixe e, ao fim, a gente reparte a cota para cada pescador. A gente é liberado pelo Ibama. Vem comprador de Manaus, de Manacapuru e a gente vende esses peixes legalmente: o tambaqui, o aruanã e o pirarucu.
Eu acordo pelas 6 horas da manhã, vou olhar minha criação, dar de comer. Minha esposa e minhas filhas também me ajudam. Meu dia a dia é mais olhar a plantação, a roça. O que nós plantamos é a banana, o milho, a melancia e a mandioca. A mandioca é para fazer a farinha para vender. O parente coloca na água por 3 dias, fica de molho, aí a gente tira, descasca, espreme no tipiti, peneira, usa a enroladeira para ficar bem enroladinha. Só aí a gente vai jogar do forno para torrar. O forno é feito em barreado com barro mesmo e a gente usa lenha em baixo do forno para torrar a farinha, que a gente vende na cidade do Uarini. Os meses que a gente não pode plantar é de março até junho, porque as terras estão todas cobertas de água, aí não tem como plantar. A água começa a subir em março, abril, maio, aí vem a dificuldade para a gente [fazer] a colheita da roça, porque se não colher antes de alagar a terra, a gente perde parte da mandioca, porque não tem como aproveitar. Depois de alagar a terra, ela fica toda mole e não pode aproveitar mais nada.
Sobre a casa, a gente dá o nome de maromba. Os bichos, a gente bota tudo na maromba, em cima de um palco que flutua, aí a gente bota eles para passar o período de 4 meses. O assoalho da casa também, quando vai para o fundo [na cheia], a gente suspende mais para cima até onde [a água] chega. Para casa, a gente também usa o flutuante. Tem alguns que tem o flutuante. Quando o assoalho vai para a água, a gente suspende o outro assoalho mais para cima, para passar a cheia. A altura do jirau, do chão, é 2 metros e 20 centímetros. A “alagação” sempre varia. Essa “alagação” foi de 3 m de altura do chão, às vezes ela alaga um metro acima da terra, às vezes 2 metros e assim varia. Então, a dificuldade é essa que a gente tem, mas por outro lado, a gente vai para pescaria, a gente também trabalha em manejo de madeira, manejado legalmente, e já dá para entrar com recurso para os comunitários que vivem aqui nessa comunidade.