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Tour Virtual / Textos, mapas e dados sobre o tema
Textos, mapas e dados sobre o tema
Introdução
A Amazônia é uma grande janela para o conhecimento. O que sabemos sobre sua fauna, flora e gente é pouco, se comparado com sua grandiosidade e diversidade. São muitas Amazônias dentro de uma mesma Amazônia. E tudo isso está em ameaça. A maior floresta tropical do mundo sofre com os efeitos do desmatamento, da invasão de áreas públicas e de atividades criminosas em territórios indígenas, quilombolas e ribeirinhos, além da mudança climática, acelerada pelo aumento global das emissões de gases de efeito estufa. As ações humanas podem transformar para sempre a floresta e sua biodiversidade.
Por isso, é importante ressaltar a biodiversidade como guardiã do bom desempenho dos ecossistemas amazônicos. Para funcionar, a fauna e flora dependem de processos como a fotossíntese, a ciclagem de nutrientes e a decomposição de matéria orgânica. A Amazônia possui relevância na regulação dos ciclos que afetam o funcionamento da Terra. Nesse grande território, até a água é diversa. As nascentes e seus afluentes estão em três áreas distintas: a cordilheira dos Andes, a oeste; o planalto das Guianas, ao norte, e o planalto Central, ao sul.
Quando as cabeceiras dos rios estão nos Andes, uma formação geologicamente recente, a água vem carregada de sedimentos, como as do rio Solimões, e é chamada de água branca, devido à coloração barrenta. Esses sedimentos levam nutrientes que fertilizam outras partes da floresta a cada cheia. Quando as nascentes estão nos planaltos, formações geológicas mais antigas, não há praticamente sedimentos nas águas. Nesses casos, os rios são conhecidos como de água preta, como o rio Negro ou de água clara, como o Xingu.
As paisagens e espécies são fruto de uma contínua interação com as comunidades humanas que habitam a floresta ao longo dos últimos 11 mil anos. No entanto, esse rico ecossistema está sob intensa pressão por atividades que incluem expansão de obras de infraestrutura, agropecuária, atividades madeireiras e de mineração ilegais, além das mudanças climáticas.
Sequer entendemos minimamente a complexa interação entre os ecossistemas amazônicos e avançamos sobre a vegetação num ritmo predatório. Derrubamos e queimamos nosso futuro como potência ambiental, já que, com a força da biodiversidade, poderíamos liderar a economia verde ou a bioeconomia, baseadas na sustentabilidade.
A Amazônia no contexto das florestas tropicais
Florestas tropicais são ecossistemas importantes, que contêm cerca de metade de toda a biodiversidade terrestre. As principais florestas tropicais e subtropicais do mundo incluem: as florestas da América Central, a Amazônica, a Mata Atlântica, as vegetações do oeste da África, de Madagascar, do Ghats ocidental na Índia, no sudeste asiático e na Oceania. Dentre essas, a floresta amazônica, as florestas de partes da África ocidental (do Gabão e do Congo) e a de Nova Guiné, na Oceania, são ainda as que menos sofreram impacto por ação humana.
Juntas, essas florestas abrigam em torno de 43% das árvores do mundo: cerca de 1,4 trilhão de árvores, dos 3 trilhões estimados globalmente. Somente na Amazônia, há em torno de 390 bilhões de árvores, cerca de 13% das árvores hoje existentes no planeta. Elas são a “infraestrutura verde”, que abriga espécies animais, plantas de menor porte e micro-organismos, garantindo uma boa qualidade e quantidade de água e proporcionando estabilidade climática.
Diversidade de ecossistemas, espécies e genes na Amazônia
A floresta alta, densa, chuvosa, sempre-verde, que normalmente se associa à Amazônia, é na verdade apenas uma dentre múltiplas formações vegetais que o bioma abriga. Essa é a chamada floresta de terra-firme. Além dela, a região conta também com florestas inundáveis, como as várzeas e os igapós, vegetações savânicas abertas, como as campinas e as campinaranas, e ainda vegetações campestres e rupícolas em ambientes de altitude.
Essas formações vegetais se espalham por oito países (Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Brasil) e um território ultramarino (Guiana Francesa). O Brasil, que abriga cerca de 60% do território amazônico, apresenta todos esses ecossistemas. Esses países e ecossistemas guardam uma imensa diversidade de espécies.
Quantas espécies biológicas existem na Amazônia?
Há muita variação nas estimativas do número de espécies de plantas no bioma Amazônia. Cientistas apontam existir mais de 40 mil espécies de plantas vasculares – que possuem vasos condutores de seiva -, sendo 30 mil endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo. Esse número representaria 10% de todas as plantas conhecidas do planeta.
Segundo artigo na Revista “Science” em 2013, a Amazônia abriga cerca de 16 mil espécies de árvores, o que representaria cerca de 30% da diversidade global de árvores conhecidas. Outra pesquisa mais recente, de 2017, publicada na revista da Academia Americana de Ciências, dá números mais modestos: no bioma, haveria cerca de 14.000 espécies de plantas com sementes (que somariam algo entre 4 e 5% do total no mundo), cerca de 6.700 espécies.
Só a Amazônia brasileira abriga algo entre 10 e 13 mil espécies de plantas, 427 espécies de mamíferos, 1.300 de aves e 805 de répteis e anfíbios. Espécies de macacos somam mais de 80, das quais 69 são endêmicas. Morcegos somam 158 espécies. Somente ao longo do Rio Negro, se encontra mais que o dobro de espécies descritas em toda a Europa. Na terra-firme da Amazônia central, formigas e cupins somam cerca de 1/3 da biomassa animal.
O maravilhoso mundo dos microrganismos
Já a diversidade de invertebrados, microrganismos e outros grupos é muito menos conhecida. Existem registros de 1.050 espécies de fungos na Amazônia brasileira, dentre as cerca de 5.700 conhecidas para o Brasil. Esses números, entretanto, representam apenas uma pequena fração do que existe no país em diversidade fúngica. A principal estimativa global é que existam 1,5 milhão de espécies de fungos no mundo, a maioria ainda desconhecida para a ciência – no Brasil, esse padrão de desconhecimento também persiste.
Geração de riqueza
Um aspecto importante da biodiversidade é a diversidade funcional. Ela está diretamente ligada à resiliência ecológica, que é a habilidade de um ecossistema em absorver impactos, sem perder a capacidade de prover benefícios e serviços ecossistêmicos. Essa incrível biodiversidade possui, portanto, propriedades e usos conhecidos há milênios pelos povos ancestrais. Curas para doenças, materiais para diversos usos, alimentos ricos etc. Alguns desses usos já são atuais e começam a representar significativa fração da economia amazônica, especialmente de populações locais.
As diversas “Amazônias” brasileiras
A Amazônia brasileira está distribuída em sete principais categorias fundiárias: propriedades privadas, Áreas de Preservação Ambiental (APA), assentamentos, pequenas propriedades, Terras Indígenas, Unidades de Conservação e florestas públicas não destinadas, além de uma parcela de terras em que não temos informação.
O conjunto de áreas protegidas e terras indígenas é o principal responsável pela contenção e redução no desmatamento verificado nas duas últimas décadas. Já existem evidências de que distúrbios como fogo e exploração seletiva de madeira em áreas protegidas podem ter impacto equivalente ao do desmatamento sobre espécies de plantas e animais.
Já as propriedades privadas pequenas representam cerca de 75% do desmatamento total do bioma amazônico, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). A extração madeireira, pecuária de baixa produtividade e agricultura são os principais vetores de modificação no uso da terra, considerando que dois terços do que foi desmatado está abandonado. A urbanização tem sido tratada como um efeito colateral da agropecuária e de outros vetores de mudança no uso da terra, como construção de usinas hidrelétricas, abertura de estradas e mineração, entre outros.
Por fim, as florestas públicas não destinadas são aquelas para as quais o Estado ainda não determinou um uso específico. Essas terras inspiram grandes preocupações, pois sobre elas incide grande parte da disputa pelo uso da terra. A definição precisa ser implementada o quanto antes, para evitar a exploração predatória. Além disso, é importante estabelecer mecanismos de conservação dessas áreas, que correspondem à área da Alemanha.
NO MEIO DA AMAZÔNIA, TEM UMA TORRE
Um dos projetos que busca entender o futuro da Amazônia em relação ao clima é o Observatório de Torre Alta da Amazônia (Amazonian Tall Tower Observatory, ATTO na sigla em inglês), projeto de longo prazo gerido em conjunto por cientistas da Alemanha e do Brasil. Com 325 metros, a torre ATTO tem altura equivalente a um prédio de 80 andares. Ela está localizada a cerca de 150 km de distância de Manaus, capital do Amazonas.
O objetivo do projeto é registrar continuamente dados meteorológicos, biológicos, químicos e físicos, como a concentração de gases de efeito estufa no planeta. O estudo fornecerá perspectivas sobre como a Amazônia interage com a atmosfera e o clima, possibilitando previsões climáticas mais precisas. Alguns estudos já mostram a complexidade das interações entre o ecossistema, o clima e o funcionamento biológico da floresta.
Cenário climático para o futuro da Amazônia
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou em 2021 seu mais recente relatório apontando que o aumento nas concentrações de gases de efeito estufa, registradas desde 1750, foram causadas por atividades humanas. Isso aumentou em 1,1ºC a temperatura da superfície terrestre entre 1850 e 2019. Segundo o documento, elaborado por cientistas de vários países, inclusive o Brasil, as projeções climáticas feitas para a Amazônia são preocupantes. Se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no ritmo atual, a Amazônia pode vir a ter, ainda neste século, uma temperatura que ultrapasse os 35°C na maior parte do ano.
Mas o que isso significa?
No caso da floresta, há indícios de que quando a temperatura ultrapassa 32,2ºC, ela perde carbono para a atmosfera, agravando o efeito estufa. Um dos fatores que pode fazer isso acontecer é a alteração no funcionamento da fotossíntese. Análises mostram que a incidência de queimadas também aumenta com uma temperatura maior e diminuição de chuvas. Então, num possível clima futuro, as emissões de desmatamento poderão crescer.
Os possíveis avanços do desmatamento no futuro
Uma projeção realizada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) mostra o avanço do desmatamento na Amazônia até 2030, comparando dois cenários diferentes: o primeiro com governança e políticas públicas voltadas para a preservação da floresta e o segundo com as taxas de desmatamento recentes.
No cenário de governança, as taxas de desmatamento usadas como referência para a projeção a partir de 2020 são as de 2011 a 2015, período em que houve um refreamento do desmatamento. Já no cenário chamado “business as usual”, em que as políticas públicas se mantêm como estão, a projeção utiliza as taxas de desmatamento de 2017 a 2020 como referência. Esse cenário tem 80% a mais de área desmatada do que o cenário de governança.
A comparação mais detalhada pode ser vista em Altamira, no Pará. Os principais fatores que mais impulsionam o desmatamento nessa região são as estradas e a proximidade às cidades.
Não basta reduzir o desmatamento
O desmatamento não é o único fator de degradação da floresta. As mudanças climáticas também causam um forte impacto na saúde dos ecossistemas amazônicos por meio do aumento da temperatura, da diminuição das chuvas e de eventos climáticos extremos, como ondas de calor e grandes secas. Ou seja, se zerarmos o desmatamento, e os países desenvolvidos continuarem a queimar combustíveis fósseis, a Amazônia não terá condições de se manter como floresta com a mesma extensão que tem hoje. Além de zerar o desmatamento, temos também que reduzir globalmente a zero a queima de combustíveis fósseis, para que a floresta mantenha um mínimo de suas características atuais.
Economia da sociobiodiversidade
A biodiversidade amazônica, consequência da interação entre os ecossistemas presentes e as populações humanas, pode fomentar uma nova economia na região com alimentos, temperos, especiarias, substâncias medicinais e cosméticos. A essência é o aproveitamento de componentes da biodiversidade, como castanha, borracha, babaçu e muitos outros, para a geração de novos produtos. Com base nos usos que as comunidades humanas fazem da biodiversidade é possível identificar componentes com potencial econômico que, com o auxílio das tecnologias emergentes, poderão alimentar uma nova economia, mantendo a floresta em pé e, ao mesmo tempo, respeitando os modos de vida dessas comunidades.
A busca por princípios ativos que podem resultar em medicamentos, cosméticos ou com outras finalidades é um desafio. Se por um lado, a documentação da biodiversidade brasileira tem raízes nos primórdios do regime colonial, por outro a prospecção ativa dos componentes da biodiversidade ainda é incipiente. Isso se deve a um conjunto de fatores. Desde a falta de reconhecimento do valor do saber dos povos indígenas até a falta de investimento sistemático em pesquisa, além dos desafios legais e éticos que a questão suscita. Vale lembrar, porém, que o potencial econômico do uso dos componentes da biodiversidade para finalidades farmacológicas e cosméticas é gigantesco.
Da planta ao comprimido
A natureza vem inspirando a humanidade na busca de compostos úteis para a produção de novos produtos há milhares de anos. É fundamental que isso continue acontecendo, pois a evolução natural é um mecanismo de aprimoramento e teste de soluções de novos produtos. Cada paisagem que é destruída, cada ecossistema ou comunidade tradicional que desaparece, leva junto um enorme “acervo” potencial de cura de doenças, de novos produtos e de outras infinitas possibilidades sequer concebidas por nós.
Tanto o Museu Paraense Emílio Goeldi, fundado em 1866, quanto o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), implementado em 1954, possuem um longo histórico de pesquisas com a biodiversidade da região. Além disso, nas últimas décadas as universidades federais dos estados amazônicos se expandiram e passaram a desempenhar um papel relevante na pesquisa sobre a biodiversidade e as mudanças climáticas.
Açaí (Euterpe oleracea): As moléculas antioxidantes responsáveis pela coloração roxa do açaí, chamadas de antocianinas, são um bom substituto para os corantes sintéticos usados normalmente. O resultado foi o desenvolvimento de um corante a base de açaí, em 2010, por pesquisadores da Unifesp.
Amapá amargoso (Parahancornia fasciculata): Produz um potente destilado utilizado para combater doenças respiratórias.
Andiroba (Carapa guianensis): Árvore cujas sementes produzem óleos que são utilizados hoje na indústria cosmética e farmacêutica.
Babaçu (Attalea speciosa): Palmeira rica na produção de óleos utilizados para diversos fins. Grande impacto sobre as economias locais.
Bacuri (Platonia insignis): Fruto usado no preparo de sucos, doces e sorvetes. O óleo de suas sementes é usado como substância anti-inflamatória na medicina popular. Também já vem sendo usado na indústria de cosméticos.
Cumuru (Dipteryx odorata): A semente produz óleo essencial empregado na indústria do perfume e na medicina (anti-inflamatório e broncodilatador), gerando renda para famílias rurais.
Curare: Nome comum dado a compostos orgânicos extraídos de plantas, os curares também são utilizados por alguns povos indígenas para a caça – seu efeito paralisante é imediato. Estudos farmacológicos apontam a substância como principal ativo para bloqueador neuromuscular (anestésicos, por exemplo).
Jaborandi (Pilocarpus microphyllus): O suor e a salivação abundantes provocadas pela planta a levaram a ser utilizada para tratamento de xerostomia (boca seca – comum em pacientes sob tratamento de radio ou quimioterapia), além de controle da pressão intraocular e ação estimulante no combate à queda e oleosidade capilar.
Jambu (Spilanthes oleracea): O alcaloide espilantol é encontrado nas folhas, ramos e flores dessa planta que tem sido descrito em patentes como apropriado para uso anestésico, antisséptico, antirrugas, ginecológico, anti-inflamatório e ainda para pasta de dente.
Murumuru (Astrocarium murumuru): Uma manteiga produzida a partir das sementes dessa palmeira tem uso na indústria de cosméticos.
Pau-rosa (Aniba rosaeodora): Árvore de cuja madeira se extrai óleo, hoje utilizado na indústria cosmética e farmacêutica.
Ucuuba (Virola surinamensis): tradicionalmente usada para fabricação de velas e óleo para lamparinas, ela era empregada no tratamento de reumatismo, artrite e cólicas. Sua manteiga, feita a partir das sementes da planta, passou a integrar produtos cosméticos de grandes empresas, como a Natura.
Veneno de Jararaca (gênero Bothrops): usado por indígenas na ponta das flechas para matar a caça, o veneno de Jararaca é um dos principais ativos em medicamentos que combatem a pressão alta.
CAMINHOS PARA A ECONOMIA DA SOCIOBIODIVERSIDADE
Com enorme potencial, a riqueza não madeireira, contudo, precisa de investimentos para se desenvolver plenamente. Um estudo levantou quais municípios brasileiros são simultaneamente os de maior cobertura vegetal nativa, os mais pobres e os mais expostos às mudanças climáticas. De um total de 398 cidades, 24,4% estão na Amazônia. Esse padrão é chamado de “pobreza verde” e gera a seguinte pergunta: como eliminar a pobreza desses municípios ao mesmo tempo em que se conserva a cobertura nativa que ali se encontra? Para muitos, o fim dessa pobreza aliado à conservação da floresta e ao combate às mudanças climáticas reside em uma nova economia, baseada em produtos da sociobiodiversidade.
Povos tradicionais como protagonistas
Na Amazônia, boa parte da biodiversidade ainda é desconhecida e as possibilidades de descoberta de novos compostos químicos são grandes. Para construir a economia da sociobiodiversidade, precisamos estabelecer uma estratégia sistemática de fomento à inovação a partir do conhecimento dos povos indígenas e das comunidades locais, incluindo esses atores como parte da operação, repartindo benefícios e respeitando os processos de consentimento previamente informados. Dessa forma, essa economia pode ganhar alguma escala e competitividade, além de melhorar a qualidade de vida das populações locais.
O cerne da economia da sociobiodiversidade é a compreensão que seu objetivo não é apenas o lucro, mas sim a sua preservação e, no caso da Amazônia, a manutenção da floresta em pé. Para que isso aconteça, é fundamental garantir que os guardiões da biodiversidade e da floresta possam viver ali com dignidade. Convertê-los em parceiros nessa possível economia, ao invés de fornecedores de recursos naturais. Isso deve incluir tanto capacitar e formar pessoas locais para trabalharem em laboratórios de alta tecnologia, como levar essas instalações para a floresta.
Desenvolvimento da Amazônia: possíveis soluções
Uma possibilidade para fomentar esta nova economia é a combinação de diversas atividades com políticas públicas, criando uma estratégia maior que vise a manutenção da floresta e de seus guardiões. Alguns exemplos de soluções:
– Implementar o desmatamento zero como única forma de preservar o ecossistema;
– Desenvolver uma economia sustentável da floresta, focada nos produtos tradicionalmente explorados pelo extrativismo, associada a um beneficiamento local dos produtos;
– Investimentos em logísticas sustentáveis e em soluções tributárias que aprimorem essas cadeias produtivas;
– Investimentos maciços em educação em todos os níveis na região;
– Fortalecer a cooperação científica e tecnológica dos institutos de pesquisa, museus e Universidades da Amazônia com centros brasileiros e internacionais de excelência;
– Criação de mecanismos de pagamento por serviços ambientais, embutidos ou não em produtos e serviços, como o turismo de base comunitária, que assegurem a manutenção da floresta;
– Tornar produtiva e eficiente a parte da Amazônia já transformada em áreas rurais ou urbanas, restaurando os ecossistemas onde necessário, e diversificando a produção agrícola;
– Definir o padrão de uso das terras públicas existentes no bioma, priorizando a conservação e o uso sustentável, de forma a impedir que haja uma expansão de áreas desmatadas;
– Condicionar a aprovação de megaprojetos em infraestrutura e logística à consulta pública.