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Tour Virtual / Vestido do Marabaixo
Vestido do Marabaixo
Característico do Amapá, o Marabaixo é uma manifestação cultural de origem africana, que homenageia o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade. Os festejos, que começam na Páscoa e terminam no primeiro domingo após Corpus Christi, misturam rituais africanos e europeus-católicos. Em 2018, a celebração símbolo da identidade negra local foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
A vestimenta utilizada na dança do Marabaixo, com saias rodadas floridas, camisa branca, joias, lenço no ombro e flor atrás da orelha é uma versão estilizada das roupas das mulheres africanas que foram escravizadas.
No áudio, você ouve o depoimento de Elisa Congó, presidente da Associação Cultural Raízes da Favela.
depoimento
Eliza Congó, presidente da Associação Cultural Raízes da Favela
Sou Eliza Congó, neta do velho Congó, filha de Dica Congó. Eu sou administradora de empresa, professora, membro e também fundadora da Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo. Sou membro do comitê gestor do Marabaixo junto ao IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Executo o trabalho em logradouros públicos levando a nossa cultura nos sete cantos desse lindo estado do Amapá. Realizo workshop toda semana em escola, em prédios público, aonde nós somos chamadas, justamente para divulgar, para compartilhar todo esse conhecimento que nós temos sobre a nossa cultura, sobre o Marabaixo, porque eu sou a presidente também, inclusive, de uma associação chamada Associação Cultural Raízes da Favela Dica Congó, em homenagem a minha mãe, que hoje não se encontra mais aqui.
O Marabaixo é cultura do estado do Amapá. Uma dança com passos curtos, ritmadas por caixas, onde os negros, os afrodescendente demonstram as suas alegrias, as suas tristezas, como também a maioria dos seus lamentos vividos e vivenciados. E onde, por muito tempo, e até hoje eles dizem… Ou seja, se revolucionam dizendo o que querem, o seu Grito de Alerta, o seu repúdio. Essa é a nossa cultura. Esse é o nosso Marabaixo.
Uma apresentação do Marabaixo, ela é apresentada por dançadeiras, tá? Os “dançadores”, os homens, e os tocadores que tocam as caixas, que dão ritmo à dança. Então, as Mulheres sempre utilizam saias rodadas e floridas, demonstrando alegria daquele momento, blusas brancas com folhas para cobrir os seios e enfeitadas com rendas. Flores na cabeça como também uma toalha. Essa toalha, ela serve para enxugar o suor que cai do rosto. Ali eu estou revivendo um momento de muita emoção. Um momento de extrema alegria e prazer.
Eu fui criada dentro das rodas de Marabaixo. Minha mãe sempre fez Marabaixo em sua casa e a gente sempre participou, tá? E nesta participação, você sabe que o amor… A gente consegue o que? Gostar e ter todo esse amor, por isso que hoje eu levo essa cultura.
Eu tenho isso como um compromisso junto aos meus ancestrais, junto a resistência que todos eles tiveram. E é uma honra muito grande participar desses momentos, de estar aqui e presenciar, ainda hoje, na participação, aonde nossa cultura chegou, onde nosso Marabaixo chegou hoje, como patrimônio imaterial do Brasil e eu lá recebendo essa titulação em Brasília.
Hoje, nós já ganhamos um pouco do mundo. Já fui para a Guiana Francesa. Já temos em São Paulo, mas muito pouco essa visualização. Ainda falta muito, por isso que nós fazemos todo o trabalho junto ao IPHAN. Hoje eu faço parte da Academia Amapaense de Marabaixo, que faz essa divulgação, que dá esta visibilidade, como também o comitê gestor do IPHAN. Esse comitê gestor tem um compromisso de levar o Marabaixo para o mundo, através de projetos nacionais, federais, mas a gente também tem muita dificuldade para que isso aconteça.
Nasceu no Amapa porque o seguinte: os negros que vieram para cá, do continente africano, com eles eles trouxeram a cultura do tambor, que você sabe que é do continente africano. E ao fugir eles se comunicavam através do toque da caixa, através do tambor. E com o tempo eles foram, o quê? Visualizando, vislumbrando que [com] o toque do tambor eles poderiam dançar. Criando uma nova cultura, um novo ritmo aqui no estado do Amapá. Nós também somos os fundadores, os perpetuadores, como também os mantenedores… até hoje que mantém o Marabaixo no estado do Amapá são os afrodescendentes.
Então Marabaixo para mim é fé, alegria, é tradição, é satisfação. Eu sinto a minha mãe como se estivesse ao meu lado durante todas as rodadas do Marabaixo onde eu participo. Valeu, porque nós vencemos a tudo e a todos aqui nesse Torrão chamado estado do Amapá.