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Tour Virtual / Vestimenta Ashaninka - Kitharentsi
Vestimenta Ashaninka – Kitharentsi
A tecelagem sempre esteve presente no cotidiano dos Ashaninkas, um povo guerreiro que vive em uma vasta região no Acre, desde o Alto Juruá até a margem direita do rio Envira, em terras brasileiras. Porém, a grande maioria vive no Peru. O artefato de tecido mais importante produzido pelas mulheres é a vestimenta chamada kitharentsi, também conhecida como kushma ou cushma entre os brancos. Ela foi um legado que Pawa, o Deus Criador, deu para as mulheres ashaninka.
A vestimenta é um elemento central para a definição da identidade do povo e sua produção leva meses, podendo se estender até um ano. Hoje, a vestimenta feminina já é feita com tecido industrial, mas ainda é ornamentada com pinturas e adereços ashaninka com significados culturais diversos.
No áudio, você ouve o depoimento de Francisco Piyãko, liderança do povo Ashaninka.
depoimento
Francisco Piyãko, liderança do povo Ashaninka
No ponto de vista da origem Ashaninka, nós temos uma história que diz que nós temos um criador, a natureza. Nos criou. E vivemos sempre nesse lugar. E a população nossa foi aumentando e a gente foi expandindo, bem antes da existência do homem branco aqui nessa nessa região.
Nós tem uma origem que somos filho dessa terra, dessa natureza e que com ela veio os ensinamentos. Tudo que está ligado ao nosso comportamento: nossa vestimenta, o formato social, esses conhecimentos… Nós plantamos o algodão, a gente colhe o algodão, a gente faz as linhas, as linhas que elas não só vai para o tecido, mas ela se aplica para muitas outras coisas na nossa aldeia.
E focando mais na questão dos tecidos, nós temos hoje a capacidade de fazer os desenhos que são uma técnica muito grande e profunda também. Que você pega, você faz… Tira da floresta, as cores que você quer. Você tira da floresta o fixador para o tecido que você faz e você também tira o desenho da floresta para expressar no seu, na sua roupa aquilo que você tem como um elemento forte para sua… para se apresentar. Então você pega essa roupa que você tem hoje aqui. Essa roupa, ela representa o desenho que é extraído de uma… de um desenho, de um Kenpiru, uma espécie de serpente. Então isso representa. Quando você vê, a pessoa procura inspirar ali uma pessoa forte, uma pessoa que precisa chamar… que chama atenção com seu desenho detalhado sobre aquilo que move um pouco esse sentimento do que está expressando ali na sua roupa. Cada dia você faz um desenho diferente porque isso representa o dia a dia. Mas a roupa nossa, ela representa assim… Você na hora que você tá fazendo você fica imaginando que aquela roupa vai te apresentar sobre aqueles desenhos. Um animal que você identifica, uma espécie que você identifica. Então na roupa você vai procurando… Você tem o Konperu, Konperu é o nome de um pássaro que eu não sei como é em português, que ele está muito mais ligado a um espírito de jovem.
As mulheres, elas escolhem um elemento da natureza para definir o que elas têm como padrão para suas roupas. Nós estamos olhando aqui, frente a uma roupa feminina. Então, esse desenho que foi feito… não sei se é o desenho, mas isso que tá feito, que são extraído de cores de plantas da natureza, de cascas de árvores, de argila, ela pega as cores e pega os desenhos. É uma maneira dela expressar o seu lado feminino e o seu espírito de guerreira.
Homens, as mesmas coisas… Que são outros desenhos, outro formato e outra ordem e também expressam outros significados. Então, cada mundo é um mundo dentro de si mesmo mundo Ashaninka.
Então, nós… Quando a gente olha, para quem tem a capacidade de fazer a leitura, você percebe que aquele desenho, aquele grafismo, está expressando uma mensagem. Então cada elemento está ligado a uma mensagem de um ser conhecido na natureza. E seres que expressam, que são reconhecidos com muito destaque nessa convivência do nosso mundo Ashaninka e a natureza. Então quando você olha para outra pessoa, a outra pessoa já te vê com a profundidade. Quando ele conhece quando ele é Ashaninka, ele já identifica qual é o espírito que você está naquele momento. Tem uma profundidade muito grande. Talvez eu tenha feito uma abordagem muito ampla sobre esses desenhos, o que representam, porque isso está tudo ligado à natureza.